Valete e rap português são praticamente sinónimos. Há 20 anos, quando a cultura do hip hop dominava as áreas suburbanas, Keidje, filho de imigrantes de São Tomé, chegava aos ouvidos de jovens que viam num rap um espelho da sua vida e dos seus dramas. Estreou-se com o álbum ‘Educação Visual’, em 2002 e, desde então, nunca mais largou a música.
Este ano regressou com o EP ‘Aperitivo’, a que se juntam sucessos como ‘Roleta Russa’ (2006), ‘Rap Consciente e Poder’ (2017), ‘Colete Amarelo’ (feat. Loromance) e ‘BFF’ (2019), ‘Rua do Poço dos Negros’ e ‘Olimpo’ (feat. Phoenix Rdc e Virgul) (2020).
Valete não é apenas um nome artístico. É um projeto de caráter social que pretende dar voz ao que de melhor se faz na periferia de Lisboa. Valete é consciência, intervenção, pensamento, poesia e arte.
Tem concerto marcado em Angola, no Luanda Gin Fest, para amanhã. Há muitas diferenças entre atuar cá e lá?
Sim, são muito diferentes. Costumo dizer que Luanda é a capital do rap lusófono, é a cidade com mais amantes da cultura hip hop. Eles querem muito a união da língua, é algo que é reivindicado.
Para mim é muito enriquecedor porque em Luanda… em África em geral, eles dão muito valor à palavra. Em Portugal, como na maior parte dos países europeus, dá-se importância à parte musical. Isso para mim tem sido muito rico, porque no fundo eu sou um africano a viver na Europa e vou bebendo dos dois lados. Aqui há mais preocupação com a forma, em África é com o conteúdo.